terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Rosas





Rosas amareladas
ainda são rosas
e exalam mansidão
de quem não viveu em vão

Rosas com pétalas toscas
são belas quando caem nas docas
pois renascem
para outras histórias

Rosas pintadas nas faces
de outras rosas
são rosas que enroscam
beijando-me a face

Rosas por que partes
sem rosas ?
por que não esperas
uma nova aurora
e descansas no colo
de Teodora ?

Rosas amareladas
descalças na serra
sem caule despétalas
mas voltas para o jardim
do Senhor

Rosa
eis que tu flores nos jardins
que desenhastes por aqui
deixastes teu cheiro
e o teu riso sem fim


para Tia Rosa que agora perfume outro jardim


idílio

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Eikhah

Como está ocaso o  mundo
antes esplendor da luz fusca
repleta de lírios e fadas
tornou-se vassalo entre províncias
mescladas de descaso
e sepulturas

Chora
no exílio minhálma
em fuga da opressão
sem portões e sem descanso
incapaz de encontrar arrimo
nem riso dos faustos
que em tempos antigos
honravam o que hoje desprezam
pois carregam impurezas em suas saias

todo  o corpo geme
e da íris vertem lágrimas de solidão
e o coração
arcaboiço da doçura
convulsiona-se dentro do peito nu
e meus gemidos são mudos

tu chamaste e meus terrores
jazem espalhados em cada esquina
como língua que se levantam
sem princípios seguem
e suas peles enrugam-se sobre a pele
mas caminham vestindo púrpura

os mortos espalham justiça
com suas mãos compassivas
esmagam o próprio peito
como se tivessem sido perfurados
pela espada de Naim
ungidos sob a proteção da Nação

Nós suportamos o peso da culpa
somos governados por escravos
e cauterizamos a nossa fome por justiça
e a alegria desaparece
como a juventude escapa em féretro
das mãos impuras  dos insanos


inútil
inútil


idílio


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Pétalas

Anjo do norte
Rosas amarelas
orquídeas da serra
Pétalas

Menina flor
cheiro virgem
de verdes almas
da rosa pequenina
esquinas da dor

Anjo da serra
flor que exala bruma
que encanta a pedra
e despenca pétalas
por entre dedos e línguas
rosas amarelas

anjo do norte
esquinas da dor
rosa pequenina
pétalas

idilio

Sou o que Sou

Aborrece-me o ódio consumado
não poderia crer em inimigos de fato
todos os meus caminhos
enquadram o meu andar
e lá está o mais profundo abismo
de onde me ausentarei
se tomo as asas da alvorada

Ergo a minha voz
e derramo bálsamo sobre queixas
e dentro de mim
quedam as armadilhas ocultas
da terra dos viventes

Levanto as mãos
e o meu coração se vê turbado
em uma terra sedenta
que me esconde a face
e como a sombra que passa
disperso a mentira
do poder dos estranhos

e meu lamento
divulga as faces notórias da maldade
e invoco a vontade dos que temem
e dos que esperam
e destrancam as portas das fronteiras
que fazem de mim
uma nação

idilio