quarta-feira, 27 de junho de 2012

pétalas




ah! lembranças das esquinas
onde beijei a rosa pequenina
que tu escondias atras da sina

pétalas que tu vestias
e umedecias as teias
das rosas estampadas no teu vestido

pétalas que eram minhas
e exalavam o gosto de tudo
que fomos nós

ah! lembranças das bocas
que sugavam o mel
das ladeiras
das curvas estreitas
do mapa de nós

pétalas que escondias
e escorriam por entre bocas e beijos
por entre dedos
e  mãos

pétalas que tu vestias
e umedecias as teias
no emaranhado de nós

idilio







segunda-feira, 18 de junho de 2012

TUA

sou tua espera
teu alimento e teu resto
sou tua menina
tua piscina e teu descanso
sou tua rede
parede e teu espectro
sou tua escola
teu passado e teu medo
sou tua ilusão
teu não e prisão

quisera
quisera
ser tua
somente tua
e de mais ninguém

sou tua poesia
tua nostalgia e espanto
sou tua mulher
sou teu pé
e tua visão

sou todo dia
sou toda vazia
de você

quisera
quisera
ser teu refrão
ser o teu pão
e tua comida

sou tua dor
teu andor
e teu porto

quisera
quisera
ser tua todo dia
ser tua pia
ser teu único amor

quisera
quisera
acordar em Olinda
quando me esperavas
na esquina
só pra me ver
no teu dia
e me chamar
meu amor

quisera quisera
ser tua última Helena
ser tua cena
e torpor
e acordar em tua cama
ser tua ama
e louvor

quisera
quisera

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Pingo

para o amigo Luciano Sutter

eramos espaços contínuos
dois pingos e um infinito mar
descobrimos o encontro estático
entre a infancia e a adolescência
tinhamos linhagem real e as flores da loucura
vivemos de surpresas previstas
em um canteiro de dúvidas
e fomos amigos

a quantidade de significados
que se acumularam em nossa juventude
vale por anos de calmaria
como se hoje tivessemos às mãos vazias
e vez por outra
gostariamos da simplicidade
de nossos risos  de descobertas

quando juntos caminhavamos
eramos verdadeiramente
amigos
amigos que se amavam pelo simples
pelo espaço que percorríamos juntos
pelo sonho da eternidade de cada dia

que Deus te guarde meu velho amigo
e que cada dia possas tu sonhar
na certeza de que um dia fostes
Pingo


Idilio

quarta-feira, 6 de junho de 2012

FABULAÇOES




meu mundo escorre
eis que é tinta
minha alma queria apossar-se de você
e sugar teu hálito
o teu sangue
a tua vida
mas
meu espaço celeste
recusa-se a beber tua alma etérea

eis que nunca desci à lama da mentira
e não posso descansar em um paraíso
longe de ti

meu sol
meu espaço
meu silêncio

o ruído que espanta as palavras
grita sem cessar dentro de mim
eis que é chama
e aquece meu medo
de perder-te para sempre
nos labirintos do meu silêncio

foram muitas as minhas amantes
e nem todas me possuíram
mas aquelas que o fizeram
observaram um frêmito quase silencioso
em que minha alma se contorcia
como em uma aurora

porque me olhas assim?
teus olhos me fizeram errar o passo
pois são ao mesmo tempo
terno sorriso e culpa
que se sucede
como fabulações
do teu próprio inconsciente

idilio