terça-feira, 17 de abril de 2012

a mesma página


virei mais uma página do mesmo livro
em uma mesma história
o carinho da mesma menina
o mesmo ladrão

sou compositor da mesma sina
e padeço na mesma esquina
escrevo a mesma história sem fim
sem mim

virei mais uma página do mesmo tempo
em uma mesma esquina estanquei meu medo
padeci no mesmo colo
o dolo de querer sem fim

sou poeta da mesma rima
e escrevo meus medos como metáforas frias
tenho poucos leitores de mim
mas mesmo assim
viro páginas
não as deixo vazias

idilio


segunda-feira, 16 de abril de 2012

ferrugem emocional

imaginei toda dor possível
imaginei lágrimas que jorram
de cada sentimento torpe
mas não visualizei na íris dos meus sentimento
a dor árida da violação total
sem lágrimas

é dimensional o escavar lento das emoções
e ver-se exposto às devastações de sentimentos
e saber que estamos nos tornando algo débil
emocional

o colapso mais abrupto 
a dor enfurruja
e a emoção vira pó

antecipa-se o amanhã em uma lentidão que enfada
e vive-se nessa lentidão seco de sentimentos
e vazio de lágrimas

imaginei a espera dos justos
imaginei o meu dia
sem ansiedade pela perda futura
imaginei as raízes da minha espera
e quedei mudo diante da porta

idilio

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Rupturas do desamor

o que de fato prospera em períodos de crise conjugal
não é o desamor em si
mas as consequências da rivalidade
entre o bem e o mal

A  colonização gradual do mal
que emancipa
é mel na boca dos tolos
e a racionalidade do dia a dia é instrumento de desamor

a promessa da dominação do amor
e do seu uso para o benefício do homem
conduziu a uma exploração excessiva
e despreocupada dos relacionamentos

para entender o desiquilibrio das famílias
devemos ter por ponto proemial
a busca da emancipação que leva ao esquecimento do outro
em uma assimetria entre a capacidade de amar
e a capacidae de crescer

o risco  é perceptível e provoca rupturas profundas
e de repente a solidão passa a ser desejável

idilio

a fragilidade do desejo

efêmero o desejo
eis que vício
satisfaz em tão breve tempo
que fragiliza sua resistência

tornemos frágil o desejo
pois que pernicioso
adoece a resistência
e escraviza a alma
que dormita  ao se alimentar
da vontade insana

os olhos são portas pra alma
eduquemos as portas
e fortalecemos as resistências
eis que o vício é vomito
na boca dos insanos

idilio