terça-feira, 31 de janeiro de 2012

eis-me aqui

eis-me aqui !
diga-me !
sem mágoas
que queres de mim ?
se nada por mim
ou de mim levarei
por Ti
se não
meu temor
e lágrimas vertidas
palavras feridas
sem querer
mas por ter que
descansar
em tuas mãos

não sei nem terei
lembranças de ti
pois
a tua presença
é tão constante
que não podes
não ser sentido
minuto a minuto
bem aqui
bem dentro
de mim

eis me aqui

idilio

sábado, 28 de janeiro de 2012

sobre o amor


não se pode falar sobre o amor
mas dentro do amor se explica
a magia de amar

amar é forma de interrogar os sentidos
pelo movimento que se encontra
os diferentes nas semelhanças inusitadas

dentro do amor se ergue o seu púlpito
e faz-se uma leitura analitica do futuro
aclarando a resposabilidade dos protagonistas
faz-se  do seu altar um lugar
onde se consome as ilusões de completude

dentro do amor
quando nada acontece
há um milagre que não estamos vendo
é a cegueira dos amantes
o sentimento vivo
na linha difusa
entre o bem e do mal

dentro do amor
torna-se eterna a razão
e não podemos
viver nada do amor
sem o amor

idilio



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Helena

Passei em frente à tua calçada
fugindo pra perto de ti
teus pés descalços e a rua molhada

entrei na tua casa
e foram tantos anos de espera
que nem lembro a cor dos teus olhos

beijei teu tempo
e de tão distante de mim
imaginei a dor de te ter tão minha
mas em um tempo diferente

caminhei lentamente no teu espaço
e em poucos dias transformei
o futuro em pretérito
esvaziei o presente
e fiz um tempo diferente

Helena
vou te chamar de Helena
e rever teu olhar agustiado
de expectração
quando deitei em tua cama
enquanto as claridades opalinas
da lua não haviam esperado
o fechamento absoluto
do  leque imenso da noite

diante de seus olhos Helena
deixei transparecer o jardim
que escrevi teu nome

foi nesse instante
como se estivesse sob o império de estranho
e suave magnetismo
ouvi teu prazer desabar em mim
revelando ao mesmo tempo
uma melacolia majestosa
e em meu coração
marulhavam ondas de sentimentos
que até então eram-lhe ignoradas

não fugi de ti Helena
nem morri da solidão da noite
mas sou servo em um sentimento acrisolado
e procuro o crepúsculo
porém digo a ti helena
em minha voz quase melíflua
para sempre
escrevi contigo
uma das mais belas páginas afetivas
no livro das nossas vidas

choro
mas minhas lágrimas não são de compunção
e te peço silenciosamente
não me prives de continuar te amando
como louco que finge a sua desdita
julgueis o meu sentimento
pois
os que não julgam esquecem
Helena


Idílio

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

namorados

queria ser tua
namorada
queria me ver
em você
ser tua escrava
tua vara e condão
teu refrão

queria viver pra você
namorado
ser tua dama
teus projetos e teu espaço

caminhar ao teu lado
ser cidade
o látego da tua crítica insidiosa
e contundente
magoar-te
e morrer mil vezes
ao teu lado
ser teu gênero de tortura
ser tua flor viva
e reter-te no tronco
do nosso destino

ser tua
namorada
teu asilo e fuga
apaziguar teu gozo
quando atormentado
me pedires pra ser tua

queria ser tua cela
e tua dor
no fim do mundo
namorados
eternos namorados

idilio

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

a lágrima de um homem só

imagine a espera sem porto
o amor sem toques
o beijo sem língua

imagine o amanhã sem voltas
o homem sem desejos
a boca sem o grito

imagine a dor sem cura
o medo sem espelhos
a vida sem sonhos

imagine a lágrima
que inunda a face
de um homem só

idilio

além

Sinto o teu cheiro aqui
bem dentro do peito
e sem medo caminho por estradas
nunca dantes pisadas

espero a tempestade passar
e meu coração descansa
em tuas mãos

sei que estais aqui
e isso é suficiente
meu medo perde-se nos teus segredos
e o amanhecer é espera agradável

nada temo
pois nada espero
além
e durmo tranquilo

idilio

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

patricia

fui tua patrícia
tua queixa e vício
amei teus medos
vivi tuas promessas

voltei e não te encontrei 
havia apenas esperas

fui tua dama
fui drama
vivi por teus segredos
e hoje
me abandonas
por terras que nunca vi

fui tua artista
teu gozo e pavor
fui tua patrícia

andei teus começos
mas teus tropeços
não pude viver

fui
teu  pretérito perfeito
não foi fim nem começo
fui só
e sozinha
fui pátria e triste

fui teu berço e odor
fui amando teu nome
mas fugi pra outro endereço

teu jeito
teu peito

fui andando sem jeito
de te encontar

hoje sou só um nome
no teu novo endereço

Patricia

idilio 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

razão

Entrei, não porque deixastes a porta aberta, mas sim por tê-la desejado e atendendo a um pedido do teu olhar, também para satisfazer meu coração que pulsa descompassadamente ao teu encanto de mulher, eis que não posso descartar teu cheiro que se aninha pelo vestido e tatua a alma de quem o sente.
Evidente que o tempo é portador das descobertas e da eternidade para as coisas que se entranha na alma, mas também é poeta das minúncias efêmeras e o único que diz quando tudo cala, mas viver no tempo presente é sinfonia adorável,apesar das consequências de um presente sem futuro certo ou palpável.
Digo que continuei querendo, apesar de semântico o meu querer e  vivê-lo em retorno é suplício adorável, mas desagradável aos olhos da eternidade.
Entrei, repito, mas não o disse que saí, pois esse volver é dependente do tua vonytade e não do meu querer, eis que a vontade é o querer em ação, com um fim determinado. na verdade só tu sabes se saí, e a mim me cabe entender que a minha única ação foi entrar e instalar morada na  casa da tua alma.
Mas afirmo como um sim, espero dia a dia entender  ou sentir o prazer lacônico de ter permanecido como um nome em tua história.

Idílio

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

infidelidade

queria a infidelidade do teu beijo
ainda que cansado já não sentisse teu cheiro
ainda que o suor derramasse
por entre sonhos e dedos

queria teu amor
mesmo que efêmero teu quer
mesmo que nada
aparentemente nada
continuasse sem nós

queria sentar
lado a lado contigo
mesmo que  por entre teus lábios
penetrasse meu mundo
mesmo que nada tocasse
teu medo

queria namorar na tua sala
mesmo que teu filho andasse
por entre nossos corpos
mesmo que acordasse
no meio da noite
e tivesse que fugir
antes de acordar o dia

queria
queria
e nada diria
nada presentia
no fim da nossa história

idilio