quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

amando sobre letras

amando nos bancos
te ensinando os nomes
que inventei
e te dei

fugindo das cores
que misturamos
quando juntos
fingimos
que nossos olhos viram

deitando em camas
que não plantamos
sobre os restos de nós
e misturamos
amor e prazer
magoando nosss voltas
pelas portas
que abrimos

nos inventamos
seguindo por terras
que ousamos pisar

mas
amamos
cada boca
cada planta
cada espaço
que moldamos
cada sonho
que planejamos
e vivemos
amando

idilio

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

solilóquio

A vida é linda sim
e olhar outra vez teus olhos
de soslaio
depois da volta
que a porta fechada retirou
da máscara
o tenebroso abismo
que conspurcava do mundo físico

quem dera
além das fronteiras
de sombra
a nesga de neblina apagada
encontre o repentino
clarão da aurora

voltei
transido de assombro
deixei as lágrimas levarem os escaminhos
da minha alma redivida
olhei teus olhos
dentro do meu coração
obrigado pai
por mais um dia

oh! milagrosa lixivia
que purifica nossas chagas
de vaidade  e ilusão
oh! solilóquio doloroso
quando a fé esmorece
e vira grão

a vida é linda sim
e olhar outra vez
nos teus olhos
é milagre
depois da volta
é prazeroso depois
muito mais do antes
de quando a porta fecha
atras de todos os olhos

idilio

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

esperas

Meu amor espera
não tenho que ir agora
espera
tem tanta vida
por ai
espera
é só um momento de espera
tão rápida que dura uma vida
mas
espera
não busque outro amor
espera
não queira outro nome
não escreva uma nova história
na vida
quimera
não
não queira viver
buscando metas
não resta nada sem nós
espera
talvez ainda volte
talvez nem vá
nesse novo tempo
que me espera
existem setas e curvas
nem sei se tem estradas
retas
mas
sei
se eu volto
me esperas

idilio

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Ecos do futuro

tenho medo dos ecos do futuro
olho o ocaso e nesse emaranhado de cores
calo a minha alma e minha ãnsia por viver
e permanecer na noite que nasce

tenho medo dos ecos do amanhã
e nem sei
se ao fechar os olhos
quando a aurora distilar alegrias
estarei lá
a contemplar a manhã que renasce

fala oh! poderoso Senhor
e guarda o silêncio
quando arde aqui
um fogo devorador

tenho a esperança nas mãos
e as promessas das lembranças
tenho a vida
e ainda assim
tenho medo
dos ecos do amanhã

idílio

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Compositor da vida

amei cada espera
desfrutei cada espaço
que desenhei
vivi intensamente
uma a uma
das vidas que passei
senti passo a passo
pelas ruas que andei
cada instante da minha
longa e breve estrada
senti na alma
o peso de ter conquistado
e a leveza de ter conseguido
e em cada não intensifiquei
e em cada queda
orei suavemente
outras
intensamente
mas nunca
inutilmente
segui por estradas que não sonhei
mas aprendi notavelmente
na câmara escura que escolhi
chorei
amei
e vivo permaneci
em cada pedaço que cai
e no quadro de um denodado fazer
escrevi textos de prazer
e na semântica metafórica
de tudo querer
semeei
colhi
desfrutei de escolhas
e foram tantas escolhas
que nem sei
se escolhi ou se segui
mas sei que vivi
e hoje
aqui
sentado diante de mim
espero o trem que não vem
mas digo
sinceramente
como é prazeroso
esperar  sem saber se vem
pois nessa espera
posso compor
a vida que escolhi

idílio

domingo, 11 de dezembro de 2011

a boca e o beijo

a boca implora
a boca grita
o beijo rir
o beijo foge
a boca fecha
o beijo reclama
a boca canta
o beijo espanta
a boca pede
o beijo morde
a boca
o beijo
a boca esconde a língua
a lingua explora o beijo
o beijo canta
a boca reclama
o beijo vive na boca
a boca espera o beijo
a boca
o beijo
a boca é o beijo
o beijo morre na boca
e espanta o medo
a boca derrama o prazer
do beijo
no beijo
pelo beijo
que a boca canta
a boca
o beijo
o beijo inunda a boca
a boca contém o beijo
não existe beijo sem boca
e boca sem beijo
é morta
dexa se der porta
é pântano
o beijo
na boca
a boca no beijo

idilio

o peso do futuro

a luz da lua ilumina a pequena mesa
o grito do mar ecoa entre as paredes do meu quarto
o frio da alma espera
e meu mundo derrama por entre as frestas
do meu corpo
quisera

quisera voltar e correr llivre
nas serras do ororubá
sem planos
sem ter que voltar
sem o peso do futuro
sem muros
sem mar

andar andar
menina que sonha
menina que espera
sem ter que voltar
sem o peso do futuro

sozinha e solta
sem lar
sem esperas
sem ter um dia presente
mas todas as coisas
sem sofreguidão da alma

quisera
namorar no final da tarde
me apaixonar todo dia
ter a minha íris
na íris dos olhos
de Deus
idilio

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

dez anos

assim se passaram dez anos
e em cada dia
eu vi seu rosto
e os meus anos passaram
dia a dia
entre o meu e o teu mundo

o tempo não dilacerou o impulso inicial
e um a um somou
o infinito da nossa causa

assim se passaram dez anos
e cada lágrima foi dividida
cada riso somado ao todo
da plenitude da magia do viver
em dois extremos
e fundamentos
de uma casa da paz

assim se passaram dez anos
e ainda assim
eu voltaria ao seu portão
em um recomeço
para trilhar cada espaço
que desenhei com você.


idilio

dimensão semântica da dor

a dor é um sentimento
e por ser sentido
reflete no outro
de maneira proporcional à afetividade

dói mais por refletir
e não por ser sentido
pois no momento que infere
no outro
por ser o outro querido
causa indubitavelmente
sofrimento
em quem a sente

a dor é um sentimento
reflexivo por causa
metafórico por ação
conectivo por essência

idilio


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

o "cuidador" de conchas ( Velho)

penso lentamente
nao por patologia
mas por saber
que tudo é efêmero e simples
que a pressa
até no pensar
é pouco
quando se quer a calmaria
no olhar

vivo, sinceramente,
de recordações
mas como é prazeroso
viver além do presente

ainda que pareça enfadonho
mas é vida real
mesmo que olhando
pela janela do esquecimento
amei cada história
que protagonizei
não fui pouco nem muito
mas fui
e isso é suficiente

nada espero
nada quero
apenas sinto a criança
que fui
gritar bem dentro
meus medos e descobertas

quem nessa história lembraria
de meu sonho infantil
das minhas esperanças
e das vezes que fui
unicamente criança
e tão privativamente importante

andei
andei
se fui alegre ou triste
nem sei
só sei
que amei
cada espaço
que juntei

idilio

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Meu

te dei a língua e meu espaço
te esperei toda noite
sempre tua
e te amei como amam as loucas

despi meu medo 
e abri meu corpo
como virgem
descansei meu desejo
em ti

e você quase nunca volta
e quando derrama seu segredo
sempre bate a porta
e foge pelo meu corpo
e deixa marcas
no fim

que amor é esse
que entorpece a sanidade
que me esqueço
e me perco como fraqueza
sem ti

mas você
é quem ama em perigo
é meu abismo e vestido
e nem  sei
pensar em pensar sem você

idilio

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

DEUS

Quem granjeia e recebe
sem nunca ter perdido ou pedido
busca, ainda que nada falte
e ama sem desassossego

quem de tão oculto é tão presente
e mesmo cavanda a ruína do soberbo
repousa em silencio
aperfeiçoando com zelo
a ira dos fracos

quem simutaneamente contém cada parte
e é o todo e contenta-se com nós

quem és se me deixas
simplesmente
repousar em vós

idilio

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

a dor que cala

Foi uma longa e dolorosa espera
não que queira esquecer a sensação
estranha de visualizar
um amanhã sem nós

os dias estão aí
nenhum fogo aquece
mas o frio é amável
e  assim descobre-se
que não se é  imortal

a garganta seca
e a dor  cala
de repente é só o vazio
e os dias?
quisera entender
que é suficiente viver

idilio