segunda-feira, 27 de setembro de 2010

transitando pela esfera espiritual. Cap. 1,2,3,4,5,6 e 7

 

 

 

 

 

Transitando

                 pela

                           esfera

espiritual

 

 

Irmã Dulce

Idílio Oliveira de Araújo

 

 

 

 

 

 

 

 

TRANSITANDO PELA ESFERA ESPIRITUAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

SUMÁRIO

1.     A senhora das sombras............................................................

2.     Desdobramento.......................................................................

3.     Amigo oculto............................................................................

4.     Colônia Cactus..........................................................................

5.     Desabafo..................................................................................

6.     Se amunser...............................................................................

7.     Nos bastidores da loucura........................................................

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1.A senhora das Sombras

                                       A irmã Dulce já me espera  quando por fim Morfeu embalou meu corpo somático, permitindo o desprendimento do meu perispÍrito a flutuar mais leve nas paragens do invisível.

                                       Encontrei toda a equipe a me esperar, alguns encarnados ainda, percebi pela linha prateada que os ligava ao corpo físico, pura emanação etérica do duplo corpo.

                                       Seguimos para a pesquisa além túmulo, até ingressarmos em uma ampla casa ricamente mobiliada, escura, com vários cômodos, sendo que ao centro existia uma construção  de três andares, que seria os aposentos da moradora, a senhora das sombras, uma velha cabelos longos mareados pela brancura do tempo, pele enrugada pela densidade  do seu corpo perispiritual.

                                      Observei atentamente e constatei que a construção central em três andares ao centro permitia o aspecto piramidal da construção.

                                      Ainda, nas proximidades da construção central, uma criança olhava com a vista petrificada, para o terceiro andar, não vislumbrei medo naquele olhar, mas sim revolta, uma criança com a  Iris envolta em desassossego. Ela me olhou bem nos olhos, por alguns instantes, e a mim, implorava algo que não pude entender.

                                     Voltei e perquerir a irmã Dulce, o que aquela criança esperava de mim, espírito devedor, encarnado e com a visão espiritual ofuscada pela minha desdita.

                                    Os seus olhos apenas me fitaram com um carinho indelével e me vi com lágrimas na face como a romper o meu orgulho.

                                   Adentrei a casa e em um pequeno quarto, deitada em uma cama de solteiro com um colchão de palha encontrei Adalgisa, sim a minha querida amiga de outras estradas. Meu corpo denso traiu a minha esperança e alegria de revê-la, e eis que ao sentar, pegou as minhas mãos entre as suas e quase que em um átimo disse-me lentamente

2. Desdobramento

                                    Hoje, 17 de agosto de 2005, retornei àquelas ruínas de uma pequena igreja em uma cidadezinha perdida no meio do nada em algum lugar do universo.

                                   Já na minha chegada soube da morte das três irmãs.

                                   Evidente que me desloquei até lá. Paredes nuas e pelas frestas das velhas portas pude observar os quartos dessarumados, as bonecas usadas em magia esquecidas em um canto, algumas velas coloridas, derretidas.

                                   Entrei como habitualmente, por trás da construção e alí pude ver o velho cão caído morto em seu canto. Desta vez não fui atacado. Subi pela lateral e cheguei ao pavimento superior. As janelas quebradas, e por toda a construção ervas daninhas cresciam como a tentar dar vida ao local, mesmo uma vida sem forma.

                            A velha e velha amiga, cabelos em desalinho, faces enrugadas, vestido azul queimado pelo sol, apareceu por entre a vidraça quebrada e me perguntou o que eu fazia no local, afinal eu não era bem vindo, na verdade, apesar do seu mau humor constante ela apreciava a minha presença, mas fazia questão de se mostrar carrancuda.

                                   De inopino  apareceu a sua irmã, estava como que alienada, olhar fixo no infinito e rosto com um pó branco que denuciava a sua morte recente.

                                   Falei da necessidade que se tinha de enterrar os corpos para que elas não ficassem envolvidas na carniça natural da carne em decomposição. Ela relutou mas permitiu que eu retirasse os corpos.

                                   Iniciei a retirada pegando cada um dos corpos e levando ao quintal lá próximo onde o velho cão dormia o sono derradeiro.

                                   Pacientemente e envolvido nas emanações fétidas dos corpos enterrei um a um, inclusive o do velho cão de um preto encardido e seco.

                                   Terminado o que me propus a realizar retornei ao corpo, não sem antes tomar uma bebida de cor goiaba que me sufucou até despertar sem fôlego e quase a não solver o ar puro do ambiente em que se encontrava meu corpo a repousar.

           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3. Amigo oculto

                                               Estava estudando mediunidade, necessitava entender de que maneira os espíritos desencarnados identificavam os médiuns .

                                               Encontrei com um amigo de tempos externos na terra, Stoelson, jovem que desencarnou cedo vítima  de seu passado.

                                              Stoelson identificava os médiuns com uma facilidade incrível, bastava olhar e se comunicava , perguntei ao amigo como se dava essa fenômeno pois estava estudando esse mecanismo. Prontamente ele me chamou, entrelaçou seus braços nos meus ombros e passou perto de um grupo de rapazes que conversavam, o corpo de um deles soltou um som como uma campainha e imediatamente stoelson falou algo para ele, que apesar de não  olhar nos olhos de stoelson , ele captou uma vibração no ar, captou a mensagem do amigo oculto.

                                            Voltei a interpelar Stoelson se aquele fato se dava quando o espírito se aproximava ou o corpo do médium sempre emitia um som ( vibração ) no ar. O amigo não soube responder , disse-me apenas

                                          - Só sei que quando passamos por um ele apita, e riu.                     

 

 

 

 

 

 

 

 

4. Cactus

                                          Uma mulher, aproximadamente 50 anos, longos cabelos, olhar penetrante;  um homem , cabelos em desalinho, com aspecto cigano. Ambos, convenceram,  as crianças a entrarem na casa dos seres pequeninos em desenvolvimento.

                                       Ao se instalarem, assumiram o controle da situação, a partir de então assenhoraram-se do lugar.

                                      Magnetizaram a casa de forma que o meu aceso estava obstruído por forças disformes mas invisíveis.

                                      Evidentemente  fiquei preocupado, com as crianças e sobretudo pela ausência,minha, do controle da situação.

                                      Cedi aos interesses do casal, fui submetido a passes que impediram a projeção de preces e pedidos telepáticos de ajuda aos seres superiores.

                                     Estava prisioneiro em mim, em minha própria casa e no meu  corpo físico, não mais podia me comunicar com meu guia e amigo, não me era possível  projetar fluídos para serem captados por seres invisíveis.

                                    É possível que apesar de isolado pela minha própria vontade, apesar do vício inicial, o meu conhecimento sobre energias e materializações ideoplásticas  não sofreu alteração.

                                    Inicialmente me submeti aos caprichos do casal, no entanto visualizava e emitia vibrações para queimar a densidade no local, e a submissão envolta em lágrimas de surpresa pelo tratamento dispensado a seres que não entendem os motivos de sua desdita ameniza o ódio e cativa o algoz.

                                 Em determinado momento perqueri a mulher:

                                 _ Porque me persegues?

                                  Eis que a alma aflita me responde quase que em um átimo:

                                 _ Não, não te persigo, nem quero teu mal, apenas estamos fugindo e foi aqui que encontramos abrigo, em teu lar.

                                  Eis os caminhos, nem sempre as circunstâncias contrárias tendem a desviar rotas e caminhos, por vezes são o caminho do aprendizado.

                                Compreendi a necessidade premente de ajudar aquele casal , que de algoz traduziu a vítima.

                                Irrompi o magnetismo que impedia a minha comunicação com meus guias, não sem antes comprometer-me em ajudar.

                               Fui orientado a encaminhar o casal para a colônia Cactus, uma colônia em construção nas proximidades de uma rodovia em que tem em sua entrada, um cactus enorme e ao seu derredor uma área desmatada em círculo de aproximadamente cem metros e logo em seguida uma mata fechada. Entendi que a colônia está sendo erguida ao derredor deste Cactus, e lá será um lugar de proteção aos espíritos perdidos e perseguidos por falanges inferiores. O Cactus forma uma longa aura que inibe emanações de espíritos inferiores, não será possível captação energética ao derredor desta aura, e ali os seres em débito poderão recuperar as forças para a luta da volta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5. Desabafo

Naquele casarão  iluminado ressentia a alegria e o ocaso de vidas. Vidas alargadas pelo remorso de tempos distantes.  Nada poderia afirmar , se não fosse a minha pessoa a protagonista, daquele fado.

Vivi feliz, ao menos deveria sê-lo, vez que me foi proporcionado pelo alto uma vida digna e honrada, com modesta casa, mas eis que meu espírito infiel e viciado encaminhou o que fui por águas de amarguras que servirão de norte para tantas vidas regradas pelos meus vícios.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

6. Se amunser

Me encontrava em uma escuridão molhada, sabia estava ali com um fim, buscar uma criança.

Caminhava entrementes mas não perdido, ao chegar em uma pequena aldeia, nada visualizei, apenas casas mal formadas, ruas descalças, e um ser deformado começou a me seguir. Eu sabia que ele  empreitava e  atacaria com fúria em algum momento, então me armei com algo que visualizei na estrada e investi contra aquele ser das sombras  que caiu e foi esmagado por mim, no entanto , outro ser já estava a espreita com forma de animal feroz investiu e fugi, chegando a volitar

Consegui resgatar a criança  que se encontrava inerte, quase sem vida, imantada por uma energia que me fez tremer.

Sabia que necessitava encontrar um mago para salvar a criança, cheguei em uma outra aldeia.

A aldeia era fria, casas da idade média, sem luxos, sem saneamento básico, mas ali morava o velho mago.

Cheguei à sua casa com a criança no colo, aquela criança me era muito querida, estava preocupado com a sua saúde e seu estado deplorável.

Implorei aquela velha senhora, que me levasse ao mago, mas ela me dizia que naquela aldeia não existia um mago, mas se......

Pensou ela em voz alta, e chamou por alguém.

Na porta da casa apareceu um senhor, nu, velho, com inchaços pelas juntas do corpo, de uma brancura doente, mas observei que a sua nudez era natural e ele quase não tinha genitália.

Entrou, me cumprimentou.

Doutor...

Fiquei surpreso, como ele me conhecia???

Olhou para a criança e disse que  iria tirar a magia que colocaram nele.

Sentou em um canto, pegou uma toalha, ou um pano, e começou a esfregar a mesma  olhando para a criança que jazia em um canto,

se  amunser, se amunser, se amunser, repetia incensantemente.

De repente a criança ficou de quatro, ora ria, ora rosnava, olhando para mim e para o velho.

O velho tinha seus cabelos brancos todo arrepiados e em direção à criança, que de repente pulou em cima do velho mago  que caiu no chão, e a criança, como um animal faminto começou a lamber o rosto do velho, que repetia incenssantemente

Se amunser, se amunser, se amunser, se amunser

A criança pulou em cima de mim e rapidamente colocou algo em cima do meu coração, e todo o meu corpo tomou de um arrepio.

Se amunser o velho repetiu lentamente, a criança desfaleceu, acordei ainda com os pelos do corpo ristes e uma palavra martelava a minha mente

Se amunser

Se amunser

 

 

 

 

 

 

 

 

7.Nos bastidores da loucura

 

Ela morava naquela casa há muitos séculos. Seu semblante catatônico e sua voz metálica embriagava ou entorpecia de forma patológica os frequentadores do lugar.

A minha missão era resgatar do purgatório aquela alma sinistra.
Várias investidas fracassaram, por desídia minha, por vezes, outras, por calcificação daquele cordão que não mais sentia emoções nem sonhos.
Entrei como se o convite estar ali tivesse partido de mim. Ela me reconheceu em um átimo, mas de imediato recuperou a insanidade. É assim a fuga da alma doente, o esquecimento, a loucura, o escapar do real, é a defesa do espírito para a dor insuportável da realidade, é assim a esperança perdida, o desmoronar da fé.
O ser inconsciente revela lampejos do mal, a identidade preservada em espaços flutuantes do espírito que denominamos sulcos vivos ou placas vitais.
As placas vitais são reservatórios do ser infinito que permanecem na penumbra em patologias mentais, frutos da liberdade ou do livre arbítrio.
Ela não aceitava deixar o lugar conhecido e tão seu, para ingressar no desconhecido. .
Seu estado físico e mental molhava a íris de qualquer um sensitivo.
Sem medo ou asco, abracei seu vestido de um branco doente e nada pedi, nada falei, apenas lágrimas e solucei, incontrolável foi meu pedido mudo.
Enxuguei seu rosto, cabelos em desalinho e o olhar no vazio de tudo.
As palavras ditas não surtem o mesmo efeito das palavras mudas tocadas pela alma de quem ama.

O amor supera o carma e reduz o destino do mal.

Conduzi aquela criatura, por ser filha do criador, às paragens de recuperação do infinito.

Que Deus a abençoe.

Zara Feus

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